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sábado, 31 de julho de 2010

O rigor da lei


Por Wilmar Marçal

Desde a antiguidade o homem busca através de normas e leis estabelecer o equilíbrio na sociedade. Algumas vezes o bom-senso e a razão não são suficientes para sensibilizar pessoas e governantes. É preciso viver na prática a essência de atuar e agir em prol daqueles que esperam nas leis o cumprimento e a perfeita sinergia entre direitos e deveres. De modo destacado, o governo federal fez, e vem fazendo, vultosos investimentos em possibilitar que muitos brasileiros e brasileiras estudem Medicina em países de língua latina, especialmente em Cuba. Por outro lado, o sonho de praticar a profissão esbarra na vaidade de alguns professores e professoras que, revestidos de “deuses e deusas”, não convalidam os respectivos diplomas. São os conhecidos colegiados de cursos das universidades públicas, que, composto por “titulados seres” mostram-se inoperantes em tentar resolver o problema social da saúde pública. Seus membros se intitulam “juízes” e barram o procedimento de regularização dos diplomas conseguidos no exterior. Situação real e anacrônica. No momento em que vivemos a globalização, que permuta cientifica e cultural se fazem on-line, ainda há resquícios de alguns “doutores” em Universidades em querer a realidade longe do que seja plausível. Ora, o curso de medicina em Cuba é sim um modelo de prevenção muito interessante para os países como o Brasil, que vive o ressurgimento de doenças tropicais, algumas de caráter epidêmico, como tuberculose, dengue, febre amarela, sífilis e tantas outras. A negativa de algumas Universidades Públicas na convalidação dos diplomas aos recentes profissionais é muito mais uma insegurança profissional por parte dos que não querem a boa e importante competitividade. A medicina não pode ser um mercado e não deve permitir o corporativismo. Aos “médicos medrosos” que, por vezes, se vestem de beca e capelo, julgam a improcedência e a decência dos diplomas conseguidos em boas universidades fora do Brasil, resta somente aplicar a Lei, ou melhor, o rigor da lei. Por isso, este ato de convalidação dos diplomas obtidos no exterior, precisa ser motivado pelo legislativo, pois se deixarmos para o executivo jamais haverá avanço. Quando alguns seres humanos, de referida classe, mortais como todos, ainda insistem em prevaricar o bem-estar da população pela ganância em não dividir benefícios, está na hora de ações legais. A lei também serve para quem persiste no mau-senso.

* Wilmar Marçal é professor universitário e ex-reitor da UEL./Pr.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Frida Kahlo


Embora tenha nascido em 6 de julho de 1907, a pintora gostaria que a data de hoje fosse lembrada como seu centenário: durante muito tempo, Frida afirmou ter nascido em 1910 – ano do início da Revolução Mexicana, que pôs fim ao governo de Porfirio Díaz no país.

Apesar de sua evidente motivação ideológica, o rejuvenescimento de Frida não sobreviveu às investigações de biógrafos e foi descartado pouco depois de sua morte.

Quero aqui falar desta grande mulher e artista , corajosa e de rara fibra, além de um talento surpreendente.
Para me fazer entender, preciso falar um pouco de sua vida.
Aos seis anos contraiu poliomelite, o que à deixou coxa. Já havia superado essa deficiência quando o ônibus em que passeava chocou-se contra um bonde. Ela sofreu múltiplas fraturas, pois uma barra de ferro atravessou-a entrando pela bacia e saindo pela vagina. Por causa deste acidente fez várias cirurgias e ficou muito tempo presa numa cama. Era acometida de dores lancinantes.
Quando lhe tomada a vida naquilo que mais prezava, sua inteira liberdade, seu poder de ir e vir pelas suas próprias pernas, ela buscou maneiras de superar essa dor.

Começou a pintar durante a convalescença, quando a mãe pendurou um espelho em cima de sua cama.

Frida sempre pintou a si mesma: "Eu pinto-me porque estou muitas vezes sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor".

Pintava suas angústias, suas vivências, seus medos e qundo casada, seu amor pelo marido Diego Rivera.

Frida definia o Surrelismo de forma bastante própria:

"Surrealismo é a surpresa mágica de encontrar um leão num guarda-roupa, onde tínhamos a certeza que encontraríamos camisas."



À você uma homenegem


Fulgurante criatura
de extrema vivacidade no olhar
Seus pés pareciam asas
sempre prontos pra voar
Quando era uma menina
sua alegria contagiante
enternecia o olhar,
andando sempre saltitante
com o mundo a girar

Audaz para uma mulher,
por vezes até ferina,
mas de encantadora ternura
com um jeito de menina
Não disfarçava desejos
e opções sexuais diversas
Sem temer os julgamentos
agia por conta e risco
sem se preocupar com os parâmentos
de um falso puritanismo.
Sempre com intensidade viveu
da vida extraindo o sumo
até o dia em que morreu.
Muitos amantes passaram
por sua curta e sofrida vida
Muitos a admiraram
e outros tantos a invejaram
Mas apenas um ela amou
e por ele foi amada
Era famoso pintor
por ela admirado
Mas grande conquistador
e além de tudo casado
Homem sedutor e carinhoso
a fez sentir-se uma mulher
perfeita como qualquer outra
sem um defeito sequer
Mas tal homem, esse Diego,
defeito grave lhe revelou
Apesar de tanto amá-la
não sabia ser fiel
e queria desposá-la
Ela concordou, talvez
pensando que com seu amor
o libertaria de vez
dessa falta de pudor
Cometeu assim um engano
e tal não aconteceu
e num breve desengano
o seu amor feneceu
Sempre lidando com a dor
que constante a acometia
entregou-se, mais e mais,
ao seu amor pela pintura
Em seus quadros retratava
sua vida, suas desventuras, seu sofrimento
Em tudo o que pintava
tinha em si mesma o centro
E assim, levou sua curta vida
Vivida intensamente, com paixão
E curou a dor e a ferida
com as tintas da ilusão.


Ianê Mello