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domingo, 7 de março de 2010

A Poeta Cora Coralina

Artigos

Ianê Rubens de Mello

Breve Histórico


Nasce em Goiânia, em 10 de abril de 1985, Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, depois conhecida como Cora Coralina.Poeta e contista brasileira, que antes de ter sido descoberta era uma mulher muito simples, doceira por profissão.Viveu sempre longe dos centros urbanos, produzindo uma obra poética muito peculiar, totalmente alheia a modismos literários. Obra essa, fartamente rica em características do cotidiano do interior brasileiro, particularmente dos becos e ruas históricas de Goiás.Começou a escrever seus textos aos quatorze anos de idade, publicando-os nos jornais locais.Na verdade, ela possuía pouca escolaridade, tendo cursado apenas as primeiras quatro séries do ensino fundamental. Nessa fase, publicou seu primeiro conto Tragédia na Roça.Quando casou-se, em 1910, foi viver em São Paulo, onde vivera por quarenta e cinco anos. Com a morte de seu marido, passou a vender livros. Ao mudar-se para Penápolis, no interior do estado, passou a produzir e vender lingüiça caseira e banha de porco. Mudou-se em seguida para Andradina, retornando para Goiás.Com cinqüenta anos de idade, Cora Coralina, resolve assumir definitivamente seu pseudônimo, escolhido há anos atrás. Ela relata grande mudança interior, o que a fez perder o medo de assumir seu talento.


Sua obra


Os elementos de seu cotidiano, sua origens humildes e interioranas foram fonte de inspiração para que cada vez mais ela se tornasse uma expressão de qualidade literária jamais vista por outro poeta do Centro-oeste brasileiro.A simplicidade de sua escrita, vez que desconhecia as regras gramaticais, valorizou a mensagem ao invés da forma, sendo uma escrita de grande força e pungência.Sua poesia tornou-se conhecida em todo o Brasil através do grande poeta Carlos Drummond de Andrade.Seu primeiro livro, Poemas dos Becos de Goiás, foi publicado quando ela completou seus 75 anos de idade. Com essa publicação, ela é consagrada como uma das maiores poetisas da Língua Portuguesa do século XX.Onze anos mais tarde, em 1976, compôs Meu Livro de Cordel. Finalmente, em 1983 lançou Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha (Ed. Global).Foi eleita intelectual do ano e contemplada com o Prêmio Juca Pato da União Brasileira dos Escitores em 1983.Dois anos mais tarde, veio a falecer. Logo após sua morte, amigos e parentes uniram-se para criar a Casa de Coralina, que mantém um museu com objetos da escritora.


Alguns de seus poemas


NÃO SEI...

Não sei... se a vida é curta...

Não sei...
Não sei...

se a vida é curta
ou longa demais para nós.

Mas sei que nada do que vivemos
tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que sacia,
amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo:
é o que dá sentido à vida.

É o que faz com que ela
não seja nem curta,
nem longa demais,
mas que seja intensa,
verdadeira e pura...
enquanto durar.


O cântico da terra


Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.

Eu sou a fonte original de toda vida.

Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranqüila ao teu esforço.

Sou a razão de tua vida.

De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.

Eu sou a grande Mãe Universal.

Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.

A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.

Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.

E um dia bem distante

a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranqüilo dormirás.

Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho, do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio felizes seremos.


Assim eu vejo a vida


A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.

Um comentário:

  1. Errata dessa matéria: Cora Coralina (1889-1985) poetisa brasileira.................segundo a esse site, http://www.e-biografias.net/cora_coralina/
    Eu precisei do teor dessa matéria postada na Revista Aquiles, para manifestar a minha indignação quanto ao teor da matéria da Revista Bula, que na minha opinião de leitora e poetisa amadora, desmereceu nossas poetisas em geral e especial mente uma poetisa nata e rica em gianialidade. Como a Autora Cora Coralina. Obrigada. Maria Delmond. http://www.revistabula.com/254-os-10-maiores-poemas-dos-ultimos-200-anos/

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