Enviar artigos para

segunda-feira, 1 de março de 2010

Livros

O nascimento das fábricas



Dentre todas as utopias criadas a partir de século XVI, nenhuma se realizou tão desgraçadamente como a da sociedade do trabalho. Fábricas-prisões, fábricas-conventos, fábricas sem salário, que aos nossos olhos adquirem um aspecto caricatural, foram sonhos realizados pelos patrões e que tornaram possível esse espetáculo atual de glorificação do trabalho. Para se ter uma idéia da força dessas utopias realizadas impregnando todos os momentos da vida social a partir do século XVIII, basta considerarmos a transformação positivo do significado verbal da própria palavra trabalho, que até a época Moderna
Sempre foi sinônimo de penalização e de cansaços insuportáveis, de dor de esorço extremo, de tal modo que a sua origem só poderia estar ligada a um estado extremo de miséria e de pobreza. Seja a palavra latina e inglesa labor, ou a francesa travail, ou grega ponos ou a alemã Arbeit, todas elas, sem exceção, assinalam a dor e o esforço inerentes à condição do homem, e algumas como ponos e Arbeit têm a mesma raiz etmológica que pobreza (penia e Armut em grego e alemão, respectivamente).

Essa transformação moderna do significado da própria palavra trabalho, em sua nova positividade, representou também o momento em que, a partir do século XVI, o próprio trabalho ascendeu da “mais humilde e desprezada posição ao nível mais elevado e à mais valorizada das atividades humanas, quando Locke descobriu que o trabalho era a fonte de toda riqueza, e alcançou seu ponto culminante no “sistema de trabalho” de Marx onde o trabalho passou a ser a fonte de toda a produtividade e expressão da própria humanidade do homem” (Hannah Arendt, La Condición Humana, p. 139).

A dimensão crucial dessa glorificação do trabalho encontrou suporte definitivo no surgimento da fábrica mecanizada, que se tornou a expressão suprema dessa utopia realizada, alimentando, inclusive, as novas ilusões de que a partir dela não há limites para a produtividade humana.

Essa descoberta delirante da fábrica como lugar, por excelência, no qual o trabalho pode se apresentar em toda a sua positividade não só alimentou as projeções dos apologistas da sociedade burguesa, como também a de seus próprios críticos, na medida em que ela foi entendida como momento de uma liberação sem precedentes das forças produtivas da sociedade. Assim, a fábrica ao mesmo tempo que confirmava a potencialidade criadora do trabalho anunciava a dimensão ilimitada da produtividade humana através da maquinaria.

..............

Introjetar um relógio moral no coração de cada trabalhador foi a primeira vitória da sociedade burguesa, e a fábrica apareceu desde logo como uma realidade estarrecedora onde esse tempo útil encontrou o seu ambiente natural, sem que qualquer modificação tecnológica tivesse sido necessária. Foi através da porta da fábrica que o pensamento do século XIX produziu sobre a fábrica, reduzindo-a a um acontecimento tecnológico.

DE DECCA, Edgar Salvadori. O Nascimento das Fábricas. Rio de Janeiro: Brasiliense, 1986.


CAIO PRADO JR. E A NACIONALIZAÇÃO DO MARXISMO NO BRASIL

Quando comentei com algumas pessoas que pretendia escrever sobre Caio Prado Jr., boa parte delas mal conseguiu disfarçar a estranheza. Tenho a impressão de que devem ter imaginado que um estudo desses seria uma perda de tempo. Essa atitude me parece refletir uma imagem bastante difundida de nosso autor em alguns círculos “bem pensantes”: como alguém que teve
sua importância, mas que é, de certa forma, datado.
A relevância de Caio Prado Jr. é reconhecida por ser ele considerado, juntamente com Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda, um dos autores que inaugura, a partir da década de trinta, uma nova maneira de se entender o Brasil. As abordagens dos três teriam sido favorecidas sobretudo pelos novos ventos que passaram a soprar no país desde os anos vinte e se tornaram irreversíveis com a Revolução de 1930. Já se tornou mesmo redundante citar Antonio Candido1 quando afirma que sua geração foi marcada por três livros: Casa-Grande & Senzala, de Gilberto Freyre, Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda e Formação do Brasil Contemporâneo, de Caio Prado Jr. Mas, a partir das importantes sugestões de Antonio Candido, formulou-se uma quase representação da contribuição que cada um desses autores teria dado à compreensão de nossa realidade.
Tem-se mesmo a impressão de que há quase o equivalente a uma divisão do trabalho entre os pais fundadores do pensamento social brasileiro. Influenciado pela antropologia cultural norte-americana, Gilberto Freyre teria importância por ser dos primeiros a reconhecer a relevância da “contribuição negra” na formação de nossa sociedade. Inspirado, por sua vez, na sociologia weberiana e na hermenêutica alemã, Sérgio Buarque de Holanda teria chamado a atenção para a predominância entre nós de relações primárias, verdadeiro impedimento para o estabelecimento da democracia no Brasil. Já Caio Prado Jr. garantiria seu lugar no panteão dos grandes intérpretes do Brasil, por ser o inaugurador no país do uso de um “método relativamente novo”, o materialismo histórico.
O que teria feito com que “as classes emerg(iss)em pela primeira vez nos horizontes de explicação da realidade social brasileira — enquanto categoria analítica”.
Desses três pensadores fundamentais, Sérgio Buarque é o que provavelmente conserva a melhor reputação, o que talvez se deva mais a motivos políticos do que intelectuais. Mas como não poderia deixar de ser, nem mesmo o historiador weberiano está imune às críticas. A principal delas é que ele enfatiza demasiadamente a importância que tiveram os aspectos culturais em nossa história.
Conseqüentemente, sua análise compartilharia de defeitos comuns a outros enfoques do tipo, em especial, certa dificuldade em lidar com a mudança.
Em relação a Freyre, as avaliações são mais contundentes. Conviveria com seu lado positivo uma face maléfica. Afinal, o sociólogo pernambucano seria o principal formulador de uma ideologia, a ideologia da democracia racial. Ela teria sua importância por fornecer, nas palavras de Renato Ortiz, “uma carteira de identidade ao brasileiro”, mas também, como ideologia, não deixaria de encobrir aspectos não muito edificantes de nossa realidade.
Em particular, a brutalidade que teve a escravidão entre nós, brutalidade que persiste nas relações entre raças. Assim, como disse certa vez Florestan Fernandes, o brasileiro passou a ser “o sujeito que tem o preconceito de não ter preconceito”....

RICUPERO, Bernardo. Caio Prado Jr. e a nacionalização do marxismo no Brasil. São Paulo: Fapesp, 2000.



FILOSOFIA do COMBATE
Os Fundamentos do Confronto Individual


“Prepare-se com antecedência.
Você nunca terá problemas se estiver preparado para eles.” (Theodore Roosevelt)
Algumas pessoas predam outras.
Gostemos de saber disso ou não, esse é um dos fatos definitivos da vida.
Sempre foi assim e nada indica que isso mudará enquanto o homem estiver sobre a terra.
A quantidade de sociopatas numa determinada população pode variar muito, mas podemos, de forma simplista, falar numa cifra de um em cem, e não ficaremos muito distantes da realidade.
Cerca de uma em cada cem pessoas irá, sob certas circunstâncias, iniciar um ataque violento contra outra pessoa, ao arrepio da lei, por razões que só a ele parecem suficientes naquele momento.
Pegue-se a população masculina em forma de uma determinada comunidade, divida-se esse número por cem, e se obterá a quantidade aproximada de possíveis contatos com indivíduos capazes de lhe agredir de forma injustificada.
Não é pertinente, aqui, analisar esse cálculo, pois o mesmo pode estar errado para determinado tempo e espaço.
Talvez na comunidade do leitor, ou no momento da leitura deste texto, esses números variem.
Mas qualquer indivíduo atento ao seu meio-ambiente saberá que os perigos de um ataque violento existem e que isso é real em todos os lugares deste País e a qualquer tempo.
A polícia faz um grande e insubstituível trabalho, mas só pode nos proteger ocasionalmente, pois para prevenir as ocorrências criminosas precisa estar nas proximidades do fato, o que depende de muitos fatores, inclusive o acaso.
Fora isso, o pressuposto básico para ser atendido pela polícia é ter se tornado vítima.
Não há como a polícia estar todo o tempo em todos os lugares.
O autor crê que o direito da legítima defesa existe e pode ser exercido.
Muitas pessoas pensam diferente.
Este livro não foi escrito para elas.
Foi escrito para aqueles que pensam que quem opta por atacar fisicamente outra pessoa faz isso por sua própria conta e risco.
Alguns juristas acreditam que a vítima de um ataque violento deva tentar escapar antes de recorrer ao confronto.
Isso não é taticamente sensato, por mais bonito que possa parecer do ponto de vista jurídico.
Ao tempo em que alguém tenha exaurido todos os meios de evitar um confronto, talvez seja tarde demais para salvar a própria vida.
Afinal, não tratamos, aqui, da filosofia dos direitos humanos, mas da arte de sobreviver à violência.
Assume-se que se alguém, atacado de forma injustificada, sobrevive ao confronto, ele estará melhor que o perdedor, ainda que tenha que responder na justiça por eventuais excessos cometidos.
Crimes violentos são plausíveis apenas se as vítimas forem covardes.
Vítimas que reagem às agressões fazem o “negócio” do crime violento muito arriscado e pouco produtivo para seus agentes.
É verdade que uma vítima que reage pode sofrer graves conseqüências por isso, mas quem não reage quase que certamente sofrerá por isso.
Veja-se o casal de adolescentes barbarizado e assassinado por um grupo liderado por um delinqüente juvenil.
Tomem-se as muitas vítimas do “maníaco do parque”.
A tão pregada não-reação de nada lhes valeu.
Afinal, sofrendo ou não por sua reação, aquele que reage ao menos retém sua dignidade e auto-estima.
Qualquer estudo da lista de atrocidades dos anos recentes mostra imediatamente que a timidez e ineptude para reagir por parte das vítimas virtualmente assistiu seus assassinos.
Qualquer pessoa honrada não pode, por sua honra, submeter-se a ameaças e violência.

Mas muitos homens, que não são covardes, simplesmente estão despreparados para enfrentar os fatos da selvageria humana.
Eles não pensam sobre o assunto - por mais absurdo e incrível que isso possa parecer ao tomarmos ciência dos fatos violentos noticiados diuturnamente na televisão, rádio, jornais e na Internet – e simplesmente não sabem como agir.
Quando esses homens olham de frente a face da violência e depravação, eles ficam atônitos e confusos.
Mas isso pode ser corrigido.
As técnicas de combate pessoal não são abordadas neste livro.
Eu mesmo escrevi obras sobre essas formas de combate, e essas estão disponíveis, gratuitamente, na internet.
As assim chamadas Artes Marciais (boxe, karatê, judô, luta com bastão, combate com facas, tiro defensivo, etc.) são estudos completos em si mesmos e devem ser aprendidos e praticados com diligência.
Fervorosamente recomendo que todas as pessoas fisicamente aptas aprendam alguma dessas técnicas e treinem até alcançar a maestria.
Mas o objeto deste volume é mais básico que técnicas, sendo um estudo dos princípios filosóficos que regem o combate individual e a sobrevivência frente à violência gratuita de parte de agressores humanos que vivem à margem da sociedade – os marginais.
Estratégia e tática são estudos subordinados aos princípios da guerra, assim como combate defensivo individual é um estudo subordinado aos princípios da defesa pessoal que a seguir
explanaremos.



LUCAS - Capítulo XXII - versículos 35 ao 50:
35:
E disse-lhes: Quando vos mandei sem bolsa, alforje, ou alparcas, faltou-vos porventura
alguma coisa? Eles responderam: Nada.
36:
Disse-lhes pois: Mas agora, aquele que tiver bolsa, tome-a, como também o alforje; e, o
que não tem espada, venda a sua capa e compre-a;
37:
Porquanto vos digo que importa que em mim se cumpra aquilo que está escrito: E com os
malfeitores foi contado. Porque o que está escrito de mim terá cumprimento.
38:
E eles disseram: Senhor, eis aqui duas espadas. E ele lhes disse: Basta.
39:
E, saindo, foi, como costumava, para o Monte das Oliveiras; e também os seus discípulos
o seguiram.
40:
E quando chegou àquele lugar, disse-lhes: Orai, para que não entreis em tentação.
41:
E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e, pondo-se de joelhos, orava
42:
Dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice;
todavia não se faça a minha vontade, mas a tua
43:
E apareceu-lhe um anjo do céu, que o fortalecia.
44:
E, posto em agonia, orava mais intensamente.
E o seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue, que corriam até ao chão
45:
E, levantando-se da oração, veio para os seus discípulos, e achou-os dormindo de tristeza.
46:
E disse-lhes: Por que estais dormindo?
Levantai-vos, e orai, para que não entreis em tentação.
47:
E, estando ele ainda a falar, surgiu uma multidão; e um dos doze, que se chamava Judas,
ia adiante dela, e chegou-se a Jesus para o beijar.
48:
E Jesus lhe disse: Judas, com um beijo trais o Filho do homem?
49:
E, vendo os que estavam com ele o que ia suceder, disseram-lhe:
Senhor, feriremos à espada?
50:
E um deles feriu o servo do sumo sacerdote, e cortou-lhe a orelha direita.

ABRAHÃO, J.R.R.. A Filosofia do Combate. Supervirtual, 2004.


Convite à Filosofia


Para que Filosofia?
Ora, muitos fazem uma outra pergunta: afinal, para que Filosofia?
É uma pergunta interessante. Não vemos nem ouvimos ninguém perguntar, por exemplo, para que matemática ou física? Para que geografia ou geologia? Para que história ou sociologia? Para que biologia ou psicologia? Para que astronomia ou química? Para que pintura, literatura, música ou dança? Mas todo mundo acha muito natural perguntar: Para que Filosofia?
Em geral, essa pergunta costuma receber uma resposta irônica, conhecida dos estudantes de Filosofia: “A Filosofia é uma ciência com a qual e sem a qual o mundo permanece tal e qual”. Ou seja, a Filosofia não serve para nada. Por isso, se costuma chamar de “filósofo” alguém sempre distraído, com a cabeça no mundo da lua, pensando e dizendo coisas que ninguém entende e que são perfeitamente inúteis.
Essa pergunta, “Para que Filosofia?”, tem a sua razão de ser.
Em nossa cultura e em nossa sociedade, costumamos considerar que alguma coisa só tem o direito de existir se tiver alguma finalidade prática, muito visível e de utilidade imediata.
Por isso, ninguém pergunta para que as ciências, pois todo mundo imagina ver a utilidade das ciências nos produtos da técnica, isto é, na aplicação científica à realidade.
Todo mundo também imagina ver a utilidade das artes, tanto por causa da compra e venda das obras de arte, quanto porque nossa cultura vê os artistas como gênios que merecem ser valorizados para o elogio da humanidade.
Ninguém, todavia, consegue ver para que serviria a Filosofia, donde dizer-se: não serve para coisa alguma.
Parece, porém, que o senso comum não enxerga algo que os cientistas sabem muito bem. As ciências pretendem ser conhecimentos verdadeiros, obtidos graças a procedimentos rigorosos de pensamento; pretendem agir sobre a realidade, através de instrumentos e objetos técnicos; pretendem fazer progressos nos conhecimentos, corrigindo-os e aumentando-os.
Ora, todas essas pretensões das ciências pressupõem que elas acreditam na existência da verdade, de procedimentos corretos para bem usar o pensamento, na tecnologia como aplicação prática de teorias, na racionalidade dos conhecimentos, porque podem ser corrigidos e aperfeiçoados.

Verdade, pensamento, procedimentos especiais para conhecer fatos, relação entre teoria e prática, correção e acúmulo de saberes: tudo isso não é ciência, são questões filosóficas. O cientista parte delas como questões já respondidas, mas é a Filosofia quem as formula e busca respostas para elas.
Assim, o trabalho das ciências pressupõe, como condição, o trabalho da Filosofia, mesmo que o cientista não seja filósofo. No entanto, como apenas os cientistas e filósofos sabem disso, o senso comum continua afirmando que a Filosofia não serve para nada.
Para dar alguma utilidade à Filosofia, muitos consideram que, de fato, a Filosofia não serviria para nada, se “servir” fosse entendido como a possibilidade de fazer usos técnicos dos produtos filosóficos ou dar-lhes utilidade econômica, obtendo lucros com eles; consideram também que a Filosofia nada teria a ver com a ciência e a técnica.
Para quem pensa dessa forma, o principal para a Filosofia não seriam os conhecimentos (que ficam por conta da ciência), nem as aplicações de teorias (que ficam por conta da tecnologia), mas o ensinamento moral ou ético. A Filosofia seria a arte do bem viver. Estudando as paixões e os vícios humanos, a liberdade e a vontade, analisando a capacidade de nossa razão para impor limites aos nossos desejos e paixões, ensinando-nos a viver de modo honesto e justo na companhia dos outros seres humanos, a Filosofia teria como finalidade ensinarnos a virtude, que é o princípio do bem-viver.
Essa definição da Filosofia, porém, não nos ajuda muito. De fato, mesmo para ser uma arte moral ou ética, ou uma arte do bem-viver, a Filosofia continua fazendo suas perguntas desconcertantes e embaraçosas: O que é o homem? O que é a vontade? O que é a paixão? O que é a razão? O que é o vício? O que é a virtude?
O que é a liberdade? Como nos tornamos livres, racionais e virtuosos? Por que a liberdade e a virtude são valores para os seres humanos? O que é um valor? Por que avaliamos os sentimentos e as ações humanas?
Assim, mesmo se disséssemos que o objeto da Filosofia não é o conhecimento da realidade, nem o conhecimento da nossa capacidade para conhecer, mesmo se disséssemos que o objeto da Filosofia é apenas a vida moral ou ética, ainda assim, o estilo filosófico e a atitude filosófica permaneceriam os mesmos, pois as perguntas filosóficas - o que, por que e como - permanecem.
Atitude filosófica: indagar Se, portanto, deixarmos de lado, por enquanto, os objetos com os quais a Filosofia se ocupa, veremos que a atitude filosófica possui algumas características que são as mesmas, independentemente do conteúdo investigado.
Essas características são:
- perguntar o que a coisa, ou o valor, ou a idéia, é. A Filosofia pergunta qual é a realidade ou natureza e qual é a significação de alguma coisa, não importa qual;....

CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. Ed. Ática, São Paulo, 2000.

Nenhum comentário:

Postar um comentário